Casas de veraneio construídas ilegalmente em uma área de manguezal em Paranaguá, no litoral do Paraná, foram demolidas durante uma operação nesta terça-feira (19).
A ação integrada de fiscalização ambiental reuniu equipes da Polícia Federal, do Ministério Público Federal, do Ibama, da Polícia Rodoviária Federal e da Prefeitura de Paranaguá.
Segundo os órgãos envolvidos, as construções estavam dentro do Parque Estadual do Palmito, em uma área de manguezal, com leis que preveem a preservação integral do espaço.
A procuradora Monique Checker explica que as casas destruídas pertenciam a pessoas que moram na Ilha dos Valadares, também em Paranaguá, e que usavam as casas dentro do parque como residências de veraneio.
Por conta disso, as equipes puderam realizar a demolição das casas irregulares imediatamente.
"Duas construções não foram demolidas, que foram as únicas construções identificadas como moradias de pessoas pobres. O restante são construções, de certa forma, [de pessoas com] poder aquisitivo, incompatível com pessoas de baixa renda", afirma.
De acordo com Checker, os donos das residências devem ser autuados.
"Elas vão receber um auto de infração do órgão ambiental, porque há uma tarefa de recompor o local. Então não é porque a construção foi demolida que está tudo resolvido", explica.
As investigações apontaram mais de 380 hectares de manguezal destruídos na cidade litorânea, especialmente para expansão imobiliária.
Cassiana Metri, pesquisadora da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), explica que o bioma é considerado essencial para o equilíbrio ambiental e para a manutenção da biodiversidade.
"O solo do manguezal abriga uma microbiota que são microrganismos de uma diversidade e uma qualidade imensa. Esse carbono acaba ficando retido também no solo e em uma caixa muito alta, então cada metro quadrado de manguezal importa, é importante para ajudar a gente nessa resiliência contra a mudança do clima", reforça.
A ação desta terça-feira fez parte da quinta fase da Operação AIFA (Ação Integrada de Fiscalização Ambiental) com o objetivo de combater crimes ambientais praticados em mais de 20 porções de mangues, em Paranaguá.
Os Ministérios Públicos solicitaram a formação de um grupo de trabalho permanente para fiscalização, intervenção e repressão de crimes em áreas de invasão de mangue na cidade do litoral paranaense, em decorrência da situação delicada e calamitosa dos manguezais em torno da área urbana do município.
Segundo o grupo, a primeira incursão ocorreu no dia 6 de setembro, na Ilha dos Valadares, região próxima ao Rio Itiberê, com a demolição de construções não ocupadas.
A segunda ocorreu no dia 11 de outubro, na Vila Guaraituba. As fases terceira, quarta e quinta ocorreram na área conhecida como Flor do Caribe, que, devido à grande extensão, precisou ser realizada em três etapas.
Fonte:G1 Paraná /Foto RPC